Nos últimos anos, o uso generalizado de telas e dispositivos digitais levou a um aumento dos problemas de visão e junto com este crescimento surgiu ainda mais a necessidade de uma arquitetura inclusiva e de acessibilidade para aqueles que são cegos ou têm algum tipo de deficiência visual.

Num mundo cada vez mais conectado, é essencial considerar o design dos edifícios de uma forma inclusiva, garantindo que sejam facilmente acessíveis a todos. A prática do design universal não só satisfaz diferentes necessidades individuais, mas também contribui para a criação de ambientes mais inclusivos e acolhedores.

Projetando para Acessibilidade Visual

A concepção de espaços acessíveis para pessoas cegas baseia-se em vários princípios e materiais. Sinais táteis, como mudanças na textura de pisos e calçadas e mudanças de temperatura, podem servir como indicadores para pessoas cegas. Uma fachada única pode ajudar a identificar a localização de um edifício sem a necessidade de contar portas ou janelas.

Além disso, para pessoas que não têm acesso a sinais visuais, o som é crucial. Assistentes pessoais inteligentes já foram incorporados às residências, auxiliando os moradores em diversas atividades.

Criando Locais para as Necessidades Inclusivas

Desde os tempos dos antigos romanos, os arquitetos defendem a necessidade de criar uma estrutura de modo a garantir a iluminação ideal, um conceito que ainda se reflete na arquitetura contemporânea.

Entretanto, considerar como envolver os outros sentidos é um aspecto crucial do projeto de espaços para deficientes visuais. Trata-se de recuperar todas as sensações que foram ofuscadas pelo domínio da visão. Por exemplo, reconhecer que o olfato tem um componente espacial ou que o som tem vida própria. Esse é um dos maiores desafios para os arquitetos envolvidos no design universal.

Por favor, clique nos links abaixo para descobrir alguns bons exemplos de arquitetura visualmente inclusiva:

1. Centro para Cegos e Deficientes Visuais (Cidade do México, MX)

No bairro de Iztapalapa, na Cidade do México, os arquitetos do Taller de Arquitectura-Mauricio Rocha projetaram o Centro para Cegos e Deficientes Visuais, incorporando elementos únicos como galerias táteis e sonoras e pátios privados com canais de água. A escolha de materiais e elementos sensoriais contribui para potencializar a experiência espacial.

2. LightHouse para Cegos e Deficientes Visuais (São Francisco, EUA)

Uma organização de serviços sociais contratou a Mark Cavagnero Associates para projetar um espaço para pessoas cegas em São Francisco. O projeto levou em conta os materiais, a acústica e a iluminação, garantindo um ambiente acolhedor e seguro para os usuários.

3. Centro para Crianças Cegas (Denver, EUA)

Um edifício amigável ao toque criado pela Davis Partnership, este centro educacional em Denver é baseado na estimulação sensorial. Salas de aula inspiradas em Braille, cores vivas e espaços sem barreiras promovem a exploração e a independência das crianças cegas.

4. Escola para Cegos e Deficientes Visuais de Dakota do Sul (Aberdeen, EUA)

Um campus projetado como um “laboratório de aprendizagem” para alunos com deficiência visual, esse projeto da Dekker Perich Sabatini inclui salas de aula, dormitórios, instalações recreativas e terapêuticas. O design visa reduzir a desordem e incentivar a orientação sensorial.

5. Parque da Amizade (Montevidéu, Uruguai)

Um parque inclusivo com elementos que potencializam experiências táteis, acústicas e aromáticas. Superfícies horizontais e verticais propícias a experiências tácteis, uma cascata para estimulação auditiva e plantas aromáticas contribuem para uma experiência sensorial global.

6. Escola Hazelwood (Glasgow, Escócia)

Projetada para crianças com deficiência visual e auditiva, esta escola de Alan Dunlop Architects maximiza a luz natural, usando elementos visuais, auditivos e táteis para facilitar o movimento das crianças.

7. Instituto Nacional para Cegos (Budapeste, Hungria)

Concebido como um centro para crianças com deficiência visual e perturbações mentais, o A4 Studio criou uma estrutura ligada a um edifício antigo através de uma ponte, com o objetivo de proporcionar luz natural e uma arquitetura de fácil utilização.

8. Centro Bukchon (Seul, Coreia do Sul)

Um centro experiencial localizado na vila de Hanok; o Centro Bukchon chamado Dialogue in the Dark é uma exposição com curadoria para permitir que as pessoas experimentem os espaços usando os seus sentidos, com exceção da visão. Ao criar a escuridão, existem elementos que representam a natureza e criam uma experiência através de sons e aromas. As pessoas que andam dentro da estrutura precisam usar os outros sentidos e a memória para se movimentar.